quinta-feira, 11 de março de 2010

Punkenstein

Já tirei aqueles pontos todos da cabeça. Já não tenho capacete. Toda a gente me mima a dobrar. Já posso ir à rua!!! Yuupiiii!

A vida está a correr-me bem, mas quase que corria mal... não por mim, que me portei muito bem enquanto me tiraram os pontos, mas o meu pai ia-se ficando!...
Passadas menos de duas semanas desde a operação, lá fui eu de novo para Coimbra para tirar os mil-e-um pontos que me deram na cabeça. Tivemos muita sorte porque apesar de termos chegado muito atrasados, fomos logo atendidos.
Este ano o São Pedro tem andado muito virado para as regas. Chuvas torrenciais, trovoadas, inundações por todo o lado, o temporal e a tragédia na Madeira... no dia em que fui para Coimbra também apanhámos uma chuvada terrível. Quase que não se  via nada pelo vidro do carro, e demorámos quase o dobro do tempo a chegar. No meio disto tudo só gostei de uma coisa: os limpa para-brisas... acalmam-me!...
Quando finalmente chegámos, cerca das 10:00, com uma hora de atraso, tivemos muita sorte. Fomos avisar que tínhamos chegado e, como as senhoras enfermeiras me viram ali à porta, chamaram-me logo para ser o primeiro... nem tive tempo para me aperceber do que aí vinha. As coisas começavam a parecer-me mal encaminhadas.
Começaram por perguntar qualquer coisa aos meus pais, que eu não percebi, mas a minha mãe saiu da sala, e o meu pai agarrou-me no colo, todo enroladinho num lençol e fez uma das coisas que eu mais detesto: prendeu-me as pernas! Eu comecei a reclamar, veementemente, mas uma senhora ajudou o meu pai a agarrar-me e prendeu-me a cabeça. Agora que olho para trás, não foi muito difícil, mas durante aqueles minutos, esperneei tanto quanto me deixaram. Felizmente eles tinham força, e a Enfermeira que me tirou os pontos conseguiu tirá-los quase todos depressa e sem me espetar a tesoura na testa!
No fim é que ia acontecendo um desastre. Quando se tiram os pontos, e principalmente quando alguém como eu manifesta o seu desagrado fazendo muita força, é normal haver umas gotinhas de sangue. O meu pai tem um certo historial com sangue, parece que não é muito amigo de o ver. Por exemplo, no ano passado, feito corajoso, foi dar sangue para o Instituto Português do Sangue. Como resultado passou duas horas com os pés a apontar para o tecto para ver se não desmaiava, e um dia inteiro mal disposto. Ora o meu pai, de repente, quando viu um bocadinho de sangue que caiu quando me tiraram os pontos dentro da orelha, começou a empalidecer como se tivesse visto um fantasma. Felizmente aquilo tudo já tinha acabado e a minha mãe, que se tinha afastado um bocadinho porque não compactua com pessoas que me querem magoar, já tinha voltado e pegou em mim, enquanto o meu pai voltou a pôr as pernas para cima até lhe voltar o sangue ao toutiço!...

E pronto, voltámos logo a seguir para casa e eu pude ir mostrar à Vivi o meu penteado novo, com um look radical: cabelo rapado só de um lado, grande no resto da cabeça!... sou assim uma espécie de mistura entre o Frankenstein e um Punk. Vamos a ver como resulta com as miúdas!...

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