terça-feira, 1 de junho de 2010

Ciao senhoras!...

Hoje é dia da criança, mas nem o meu pai nem a minha avó se lembraram... mas eu hoje estou a ter um belo dia. Acordei cedinho e chamei pelo meu pai (não, ainda não sei dizer pai, continuo a berrar!!... e ele vem!...) para me tirar da minha cama.
Aqui em Coimbra estamos assim como que... como dizer... acampados... foi muito difícil encontrar um apartamento, e depois de várias tentativas à procura de um apartamento para ficar 3 meses sem sucesso, tivemos de procurar um apartamento para alugar com um contrato normal... é muito perto do Hospital dos Covões, em São Martinho do Bispo, e tem uma varanda muito grande à volta da casa, na qual eu adoro brincar. Gosto principalmente de jogar à bola aí, e de abrir e fechar as portas da varanda, para ninguém poder sair nem entrar.
Eu é que mando!

Mas como estava a dizer, estamos aqui acampados, e eu durmo numa cama de viagem desmontável... não é muito confortável, por isso todas as manhãs vou um bocadinho para a cama com o papá ou a mamã, conforme está cá um ou o outro...

Depois tomei o pequeno almoço e fui para a Terapia da fala. Tenho muita sorte porque agora além da minha terapeuta (que é a única pessoa que me sabe pôr na ordem!...) nas últimas semanas tem estado outra senhora muito simpática. Não sei se será uma nova terapeuta, ou uma estagiária, mas o que interessa é "a máquina"!...
Esta máquina é o sonho de qualquer criança que se preze!... dá-se à manivela, et voilà, dezenas de bolas de sabão no ar!...
Adoro isto!...

...e depois são os apitos, os balões e não sei o que mais!... A verdade é que agora, que até já sei andar (fora alguns percalços), vou para a sala com o meu pai e entro sem sequer me despedir dele!... sim, é verdade, reconheço que não havia razões para aquelas choradeiras do início!... isto é uma diversão!...

A terapia neste momento passa muito pela imitação das coisas que me fazem... eu sei principalmente imitar gestos, e apesar de nos últimos tempos os meus pais não terem usado muito a linguagem gestual, eu desatei a fazer gestos para dizer tudo o que me apetece. Fico particularmente giro a dizer que quero ir passear, com os dois polegares encostados aos sovacos, como se fosse dançar o fandango, e os dedos a mexer como se fossem as pernas de uma centopeia.
Mas os apitos, as velas e as bolas de sabão são um instrumento para eu imitar o que fazem as bocas dos outros. Soprar, deitar a língua de fora, dar beijinhos, ... tudo vale!


Agora estou a dormir, mas a pensar nestes sons todos, que começo agora a fazer, como aquele "ao", de hoje de manhã, enquanto me despedia e fazia adeus com a mão!... Queria dizer "ciao senhoras, até amanhã"... ainda não foi perfeito, mas amanhã será melhor e depois ainda melhor...


Beijinhos
"ao"

Cocleantes

{ Mensagem atrasda de 15 de Março de 2010 }

Deixaram numa das mensagens deste blogue um comentário em que utilizavam o termo cocleantes, para aqueles que, como eu, usam um Implante Coclear... acho que o vou passar a utilizar.

Agora já conheço um bocadinho melhor as meninas que estão na minha sala. Uma é a Matilde. A Matilde tem um irmão mais velho que também é implantado, e tem agora 6 anos. O Gabriel passa os dias com a mãe enquanto esperam o fim da nossa aula. O meu pai esteve hoje a brincar com ele. O Gabriel gosta especialmente de carrinhos. Tem um saco cheio deles, e são todos espectaculares! Até tem um carrinho do Batman!!!
O Gabriel e a Matilde têm o síndrome de Waardenburg, que se pode facilmente reconhecer pelas manchas brancas de cabelo, e pelos olhos muito claros, ou de cores diferentes. Em alguns casos este síndrome causa surdez, que é o caso destes meus amigos cocleantes. O Gabriel já sabe falar, embora com dificuldade, mas pareceu-me que entende bem as coisas que lhe dizem. O meu pai pensa que ele não tem resultados melhores porque já foi implantado com três anos... será assim?
Uma das coisas que se diz em muitos sítios é que os implantes devem ser feitos o mais cedo possível, numa fase pré-lingual, ou seja, antes da fase em que os bébés aprendem normalmente a falar, e que é cerca dos 2 anos. Isto não é tão importante se com as próteses auditivas um bébé conseguir ouvir bem. No meu caso usei as próteses desde os cinco meses, mas não tive ganhos nenhuns.