terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Amanhã vou ser implantado!...

Olá!
Sou o Bininhas, e “a minha vida dava um filme mudo” não fosse um Sr. chamado Michelson ter feito com um sucesso relativo o primeiro Implante Coclear (IC), no ano de 1971 na Califórnia (ver http://en.wikipedia.org/wiki/Cochlear_implant#History).
Por agora será o meu pai a escrever a minha aventura (basta fazerem contas para perceberem que não posso ser eu a dactilografar estas memórias!... deixaria demasiadas pessoas estupefactas!...), mas espero que um dia, possa ser eu próprio a contar-vos como foi a minha vida com um implante coclear, como vivo com isso e como isso afecta ou não a minha vida.
Espero assim poder ajudar outros como eu, pais, familiares e amigos a compreender, conhecer e a seguir o caminho mais adequado relativamente à surdez e aos implantes cocleares.

Nasci em Lisboa, em Outubro de 2008 e encontrei dois papás babados, típico para quem nasce com a responsabilidade de ser o primogénito, que me receberam com grande felicidade numa família cheia de tios, primos, avós e muitos amigos.
Nesses primeiros dias, ainda na maternidade, começou a minha aventura no mundo da surdez. Há que dizê-lo com frontalidade: - no que respeita a conhecimentos sobre a surdez, os meus pais eram uns nabos!... Uma enfermeira aproximou-se deles e perguntou-lhes: - “já fizeram o rastreio auditivo?...” – eles, certíssimos de que esta era apenas mais uma forma de lhes sacar mais dinheiro por parte do Grupo Mello Saúde, disseram de imediato, seguros de que isso era absolutamente dispensável, “não obrigado, fazemos depois!...” ERRADO!!... O rastreio auditivo após o nascimento é muito simples e absolutamente recomendado!...[quote needed] é este rastreio que nos permite identificar problemas auditivos de forma precoce e assim solucioná-los, graças às diversas técnicas e tratamentos existentes actualmente!... Cerca de 3 em cada 1000 bébés nascem com problemas auditivos[quote needed], mesmo com pais sem qualquer problema… e no meu caso, mesmo sem quaisquer antecedentes familiares!!... A não detecção dos problemas auditivos pode afectar e atrasar de forma muito significativa a aprendizagem da linguagem (oral e/ou gestual, conforme as opções de cada um). Não é incomum que casos de surdez, mais ou menos graves, apenas se detectem cerca dos 3 ou 4 anos, quando algumas das hipóteses de tratamento já têm a sua probabilidades de sucesso muito reduzidas, e o desenvolvimento da linguagem pode estar de alguma forma comprometido[quote needed].
Felizmente, dentro do azar que foi nascer surdo (isto pode ser discutível, e não quero aqui dizer que os surdos são menos do que os outros!... mas não há dúvidas de que atravessamos mais dificuldades numa série de aspectos!...+), encontrei uma pequena estrelinha no caminho. Chama-se Dr. Álvaro Birne e é o meu pediatra. Embora não seja comum, o meu pediatra tinha um equipamento, que é pouco maior do que o comando da TV com o qual eu gosto muito de brincar, e que permite fazer um exame simples, chamado Oto-emissões+, e que serve para fazer o tal rastreio de que vos tinha falado… este exame não é infalível, e podia acontecer que o facto de eu não ter passado, não significasse nada… no entanto o meu pediatra disse isso aos meus pais, mas disse-lhes também, após a minha mãe insitir, que nunca tinha tido um falso negativo nos seus exames! Isto, como podem imaginar, foi um choque para os meus pais, que não sabiam muito bem se lhes tinha caído um piano, ou um elefante, em cima… acho que foi um elefante!...
Hoje não tenho mais tempo de vos escrever, porque tenho de ir dormir. Amanhã é um dia importante, mas apenas um de todos os dias que vou ter pela frente neste caminho que os meus pais decidiram para mim, que é o do implante coclear. Amanhã vou ser implantado!
Vou tentar com regularidade continuar a contar-vos como cheguei até aqui, ao Hospital dos Covões em Coimbra, e como está a correr tudo!... Desejem boa sorte para mim (sim, que é a mim que vão fazer maldades!...), para os médicos que me vão operar amanhã e força para os meus pais, que querem acreditar que esta é a melhor opção para mim, para que eu tenha a possibilidade de falar e ouvir o melhor possível, mas que neste momento estão a atravessar um momento difícil, com medo de que alguma coisa corra mal, com medo de ter tomado uma opção que não seja a melhor…

1 comentário:

Anónimo disse...

Nesta nova aventura de ser pai esta história toca-me profundamente pelos receios que tenho de não saber como dar o melhor aos nossos filhos. Acredito, no entanto, que se fizermos tudo, lhes dermos amor e alegria, serão felizes sejam surdos, cegos ou incapacitados de qualquer modo.

Um abraço